Novos Companheiros

Pai, faz mais de um ano desde a última vez que eu lhe escrevi algo, estive ocupado. Tem muita coisa que não lhe contei, muito aconteceu. Primeiro me desculpe por ter arrancado as páginas do diário que começamos a escrever juntos, mas era a única coisa que eu tinha pra manter o fogo enquanto passava pelos longos dias de solidão e febre. Cada página arrancada levava um pedaço de minha alma, levava a lembrança dos nossos dias, de quando meus irmãos não eram gananciosos malditos, das cavalgadas sem destino em nossos campos. Mas a página que mais doeu foi a em que meu pequeno Jonas tinha me desenhado, em seus traços de criança, com armadura prateada, elmo e espada, montado do Arauto. O Arauto ainda está comigo, e com ele consegui fugir de ter a cabeça cortada. Como teve minha Jassel. ...

Perdão meu pai, mas não consigo falar sobre Jassel sem sentir o fogo e a dor. Quando esse nó sair da minha garganta contarei tudo, voltarei a lhe escrever tudo. Eu prometo.

Ainda trago comigo suas posses, não deixaria-as nas mãos dos sete facínoras que hoje comandam suas antigas terras. Invadi a Mansão da Mão de Diamante, montado no Arauto, nós parecíamos a encarnação de um raio, tomei para mim o seu baú, e hoje lhe digo que a Justiça Luminosa é guiada movida pela minha mão, mas guiada pelos seus ideais. As escamas de Bahamut me protegem em cada jornada, e o escudo, Inominável como no juramento que o senhor fez, afasta todo o mal de mim. Carrego ainda comigo a Mão Brilhante da Justiça, e com essas armas que já foram suas, me transformei num flagelo para os vilões. Até que um chamado veio a mim, e eu o aceitei sem pestanejar.

Por enquanto falarei dos meus novos companheiros, do chamado que recebi. Tudo ainda é um pouco confuso pra mim, nem sei como eles podem me aceitar no meio deles, são tão poderoso, tão inteligentes e sábios. Mas me aceitaram, e e acolheram como um dos seus, e eu vou fazer de tudo pra ser tão bravo quanto eles são. Ao lado deles combati mortos que andavam, orcs imundos, até chegarmos no covil da mais assustadora criatura que eu já vi. Era um Urso-Coruja. Não, me engano, eram dois Ursos-Coruja. Poderosos, assustadores e violentos. Logos nos vimos duelando com a morte enquanto os bicos do tamanho de um punho perfuravam, e as garras como adagas rasgavam couro metal e carne. E foi então, pai, que eu senti.

Estava em meu último fôlego, as garras da criatura levaram parte de minha cota-de-malha e chegaram até minhas costelas, doeu, doeu demais. Ferro quente deslisando em cortiça, rasgou-me quase até as entranhas. Meus amigos bravamente chamaram a atenção da criatura, mas eu sentia que era o meu fim, minhas pernas tremiam e eu não conseguia nem mesmo ficar de pé sem tremer. Meu sangue pingava e escorria pela Justiça Luminosa, eu estava entregue ao meu destino, iria me encontrar com Jassel e Jonas. Mas então eu vi todos os rostos, o seu, o deles, tristes e dizendo que ainda não era minha hora. E depois eu vi, rápido como um raio nos céus, brilhou em minha frente a sagrada forma de Bahamut. E eu gritei. Pedi. Disse a ele que ainda não era minha hora. E era verdade. Sua luz veio de baixo para cima, me envolvendo num turbilhão prateado de poder, e me deu a última energia. E eu golpeei. E golpeei de novo. E mais uma vez. E num último golpe guiado pela Justiça, arranquei a asa da maior das criaturas, e ela caiu. Sei que não faria isso sozinho, sem meus amigos não conseguiria, mas naquele momento me senti especial. Senti que uma missão maior me esperava. Jassel e Jonas vão ter que esperar, mas o senhor vai ouvir mais de mim.

Coletei essa pena imensa como troféu, e estou colando na página seguinte, pra que um dia alguém possa falar de Corbin St. Justice como falavam do senhor, e espero poder inspirar alguém.

Fico por aqui, preciso agradecer a Bahamut e fazer um juramento de devoção. Consagrar meu corpo alma e armas a Ele.

Até meu pai, e que seja breve.

Corbin St. Justice, Servo de Bahamut, o mais comum dos cavaleiros.

Comentários

  1. Vou acompanhar as aventuras e desventuras desse servo de Bahamut. Gostei!

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  3. Corbin my man! Excelente. Vou acompanhar este diário.

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  5. Muito bom, Ícaro! Tbm vou acompanhar...

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